Os efeitos da posse para o locador: Importância de um contrato bem amarrado

No mundo jurídico, a posse é um tema complexo e repleto de nuances. Quando falamos de contratos de locação, a questão ganha ainda mais relevância. Isso porque, ao celebrar um contrato de locação, o locador transfere para o locatário diversos efeitos da posse, conforme prevê o Código Civil Brasileiro. Contudo, para que essa transferência ocorra de forma segura, evitando prejuízos para ambas as partes, é essencial que o contrato seja bem amarrado.

Neste artigo, vamos explorar os efeitos da posse para o locador, trazendo exemplos práticos e algumas curiosidades sobre o tema.

O Que São os Efeitos da Posse para o Locador?

Quando um locador entrega o imóvel para o locatário, ele transfere alguns dos efeitos da posse direta. No entanto, o locador mantém a posse indireta, que lhe garante direitos como o recebimento do aluguel e a retomada do imóvel ao término do contrato.

Entre os principais efeitos da posse transferidos ao locatário, destacam-se:

  1. Uso e Fruição: O locatário pode utilizar o imóvel conforme estabelecido em contrato, respeitando a destinação acordada (residencial, comercial, etc.).
  2. Defesa da Posse: O locatário pode tomar medidas jurídicas contra invasões ou ameaças de terceiros.
  3. Direitos sobre Benfeitorias: Dependendo do tipo de benfeitoria (necessária, útil ou voluptuária), o locatário pode ter direito à indenização ou retenção do imóvel até ser reembolsado.

Exemplo Prático: A Questão das Benfeitorias

Imagine que João alugue um imóvel comercial para instalar sua padaria. Durante a vigência do contrato, ele realiza melhorias como a instalação de sistemas de ventilação e reforma elétrica (benfeitorias necessárias). Se o contrato for omisso quanto à indenização dessas benfeitorias, João poderá reivindicar o ressarcimento ao término da locação, gerando um conflito com o locador.

Para evitar esse tipo de problema, é crucial que o contrato especifique de forma clara quem arcará com os custos das benfeitorias e se haverá ou não direito à indenização.

Curiosidade: A Teoria da Supressio no Direito Brasileiro

Uma curiosidade interessante é a aplicação da teoria da supressio em contratos de locação. Essa teoria prevê que, se o locador tolerar repetidamente uma conduta do locatário (como atrasos no pagamento), ele pode perder o direito de exigir rigorosamente essa cláusula no futuro, sob pena de violar a boa-fé objetiva.

Por isso, é importante que o locador adote uma postura coerente e consistente durante a vigência do contrato, evitando criar situações que possam ser interpretadas como renúncia tácita de direitos.

Dicas para um Contrato Bem Amarrado

Para garantir que os efeitos da posse sejam transferidos de forma segura, o contrato de locação deve contemplar:

  • Cláusulas detalhadas sobre benfeitorias: Estabelecendo quem será responsável pelo pagamento.
  • Regras para uso do imóvel: Definindo claramente a destinação permitida.
  • Condições para rescisão antecipada: Especificando multas e prazos.
  • Previsão de reajustes: Incluindo índices claros para correção dos valores.

Um contrato bem redigido minimiza conflitos, assegura os direitos do locador e do locatário e evita surpresas desagradáveis no futuro.

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Lubna Figueredo
Advogada – OAB/BA 83.128